O projeto Tem Menina no Circuito nasceu em 2013, a partir da inquietação de três professoras do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Elis Helena de Campos Pinto Sinnecker, Tatiana Gabriela Rappoport e Thereza Cristina de Lacerda Paiva. Ao longo de suas carreiras, elas se depararam com a baixa presença de mulheres nas áreas de exatas. Essa desigualdade nas ciências exatas e tecnológicas motivou a criação de um projeto que pudesse mudar essa realidade, especialmente de mulheres periféricas.
A oportunidade para a criação do projeto surgiu com um edital do governo federal, chamado “Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação”. Com o apoio deste edital, o Tem Menina no Circuito começou suas atividades em uma escola de ensino médio no bairro da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O objetivo inicial era despertar o interesse das meninas pelas ciências exatas, mas, rapidamente, o projeto se expandiu e se transformou em uma iniciativa de inclusão social, incentivando alunas de comunidades periféricas a enxergarem o ensino superior como uma possibilidade real.
Atualmente, o projeto atua em seis escolas públicas de regiões periféricas do Rio de Janeiro, onde oferece oficinas de eletrônica com materiais alternativos, como papel e tecido, atraindo a atenção das alunas para temas que antes pareciam distantes de suas realidades. Além disso, o Tem Menina no Circuito oferece aulas ministradas por alunas da UFRJ para preparar as meninas do terceiro ano do ensino médio para o ingresso na universidade. A participação dessas monitoras tem sido fundamental para criar uma conexão mais próxima entre as estudantes e o ambiente universitário.
Além disso, as alunas do projeto têm a oportunidade de frequentar museus e centros de pesquisa, o que contribui para ampliar suas visões sobre a ciência e a tecnologia. Algumas delas já participaram de viagens para outros estados, onde visitaram centros de pesquisa e conheceram novas realidades científicas, reforçando o impacto transformador do projeto em suas vidas.
O Tem Menina no Circuito também se destaca por suas atividades fora das escolas. Em paralelo ao trabalho regular com as alunas de ensino médio e fundamental, o projeto promove atividades curtas em lugares públicos como museus e parques, com o objetivo de alcançar um público mais amplo, incluindo crianças a partir dos 5 ou 6 anos de idade. Essas ações têm sido uma importante ferramenta de divulgação científica, mostrando que a ciência pode ser divertida e acessível para todos.
Ao longo de sua trajetória, o Tem Menina no Circuito alcançou reconhecimento nacional e internacional. O projeto recebeu importantes prêmios, incluindo o Prêmio Nature Awards for Inspiring Women in Science na categoria Divulgação Científica, consolidando seu impacto na vida de centenas de meninas e suas comunidades. Mais do que promover o interesse pelas ciências exatas, o projeto tem transformado perspectivas, aproximando jovens da universidade pública e mostrando que o lugar da mulher também é nas áreas científicas e tecnológicas.